O Esporte Clube Sapucaia surgiu da fusão de outros dois clubes formados por trabalhadores da Usina, o Progresso Futebol Clube e o Brasil. Assim, ele representaria nos campeonatos locais o povo da localidade, distante 15 km do centro de Campos.[1]
A fundação ocorreu em 18 de dezembro de 1938, mas o clube apenas se filiou a Liga Campista de Futebol em 1961, conseguindo o acesso à divisão principal em 1969.[2]

Um importante relato sobre a história dos clubes que deram origem ao Sapucaia é resgatada por Paulo Ourives, a partir de uma matéria do jornal A Cidade de 1971, com um antigo funcionário, Antônio Miguel de Andrade, “aposentado mas ainda trabalhando na usina” naquele momento. Dizia ele
que em 1920 a região possuía o Progresso e o Brasil, tradicionais rivais que nem sempre acabavam os jogos que começavam mas que se uniam toda a vez em que um grande clube da cidade ia jogar por lá. Além do jogo, que se transformava numa festa do lugar, havia almoço e, depois do jogo, o baile, fosse qual fosse o resultado da partida.
Alcides Guimarães, presidente durante muitos anos do Progresso, contava que, no seu tempo, quando seu time precisava de reforço, Cadete, do Americano, era convidado. Em relação ao Brasil, o Progresso era mais organizado, possuindo campo cercado de tábuas de barrica de cimento. O goleiro mais famoso que possuiu foi o Mílton Lucas, mas outros jogadores deixaram nome por lá: Manoel Euclides, Otávio e Lamartine, que, além de atleta, era diretor.[3]
Alcides Guimarães, presidente durante muitos anos do Progresso, contava que, no seu tempo, quando seu time precisava de reforço, Cadete, do Americano, era convidado. Em relação ao Brasil, o Progresso era mais organizado, possuindo campo cercado de tábuas de barrica de cimento. O goleiro mais famoso que possuiu foi o Mílton Lucas, mas outros jogadores deixaram nome por lá: Manoel Euclides, Otávio e Lamartine, que, além de atleta, era diretor.[3]
Ainda segundo os depoimentos levantados por Ourives, o Brasil cessou suas atividades em 1930 e por quatro anos, “a localidade sofreu os efeitos da crise financeira que abalou o mundo”.
Foi em 1934 que surgiu José Pedrosa, então jogador do União Ciclista e que, como chefe de obras da usina, reuniu o pessoal que gostava de futebol, promoveu treinos com o que restou do Brasil e do Progresso e até realizou amistosos com clubes da vizinhança, além de outros contra times de Outeiro, Poço Gordo, Santa Cruz e Campo Limpo.
Conta-nos Leo Pardo que “a reunião de fundação do novo clube ocorreu no pátio da própria usina e dela participaram John Julius, Max Polley, José Pedruca, Antônio Miguel Andrade, Didi Pinheiro Machado, Wilson Isaltino, Leandro Barbosa, Touquinha e Adauto Pacheco.” [4]
O jogo de estréia da agremiação se deu contra o Paraíso e terminou empatada em 1 x 1. Como em outros casos, os historiadores locais dão especial destaque ao apoio do “dono da usina”. No caso da Sapucaia, o apoio por parte do usineiro teria se dado a partir de uma determinada época, provavelmente a partir da década de 1960. Segundo Paulo Ourives, procedeu-se a construção de um pequeno estádio, dotado de vestiário, alojamentos para concentração, e profissionalizou alguns jogadores.[5]
Apoio esse que parece ter tido como contrapartida a redefinição das cores da camisa do Sapucaia em favor da preferência que o usineiro tinha em relação ao carioca Clube de Regatas do Flamengo.
A diretoria procurou o industrial Francisco Jacob Gayoso y Almendra, o Dr. “Chico”, como era chamado por muitos dentro da usina, para pedir colaboração para o novo clube, que de imediato seria prontificado, mas com uma exigência: “Que as cores do time fossem vermelha e preta, como as do Flamengo”, sendo assim, o antigo uniforme verde, vermelho e branco foram logo abandonados. O Sapucaia chegou a ser o clube campista que mais gastou com o futebol, contratando reforços que transformou o clube no que o jornalista Péris Ribeiro chamou, um dia, de “Academia de Futebol”.[6]
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Imagens mais recentes do campo de futebol da Usina Sapucaia. Foto de Marcos André, 10/11/2016. |
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Foto de Marcos André, 10/11/2016. |
Segundo Ourives, em 1968, ainda tricolor, o clube venceu o campeonato da zona oeste e, em 69, o da divisão de acesso, o que lhe permitiu jogar a divisão principal, denominada “divisão extra de profissionais”.
Da campanha vitoriosa de 1969 participaram os seguintes jogadores: Adílson Rangel de Sousa, Adílson Rodrigues, Altair Pereira Ferreira, Carlos Galileu Martins Andrade, Enilton Mendonça Fernandes, Erenildo Rosa, Fernando Mota, Haroldo Martins de Andrade, Heli Peixoto dos Santos, Jorge Barbosa, João Roque Lima, Luís Carlos Ribeiro, Neílton Gomes de Oliveira, Valdelino Viana, Wílson Barreto, Valteviro Viana, José Amaro Mota, Nivaldo Galvão da Silva, Gilberto Barbosa e Ivanilton Alfes Gama.
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Foto de Marcos André, 10/11/2016. |
A época de maior sucesso do Sapucaia foi sem dúvida a década de 70, fase que o clube passou a disputar a divisão principal do campeonato campista e até mesmo o campeonato fluminense. O Sapucaia foi um dos poucos clubes a ascenderem à primeira divisão, ganhando o campeonato da segunda divisão. Isso motivou a direção a contratar “treinadores com experiência”. De fato, o balanço foi bastante positivo: além da conquista da Taça Cidade de Campos em 1974 (e o vice em 1973), o Sapucaia foi campeão fluminense em 1975, após disputar a final com o Americano, num jogo com a arbitragem de Arnaldo César Coelho, no dia 12 de maio de 1975:
A equipe [que] venceu o Americano na partida final por 4 x 2, era composta por Roque, Danilo Pastor, Paulo Lumumba, Roberto Madeira e Albérico, Osvaldo, Amaritinho, Betinho e Gonzaga, Walmir e Alcir. Também participaram da campanha vitoriosa do rubro negro naquele ano: Tuiú, Joaquim, Joélio, Folha, Pedro, Edmilson, René, Toninho e Vicente.
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Foto de Marcos André, 10/11/2016. |
Paulo Ourives, baseando-se na descrição sobre a final publicada no dia 13 de maio por A Notícia, escreve:
Aos 9 min Valmir fazia 1x0, escorando de cabeça um cruzamento sob medida de Albérico. Aos 25 min, uma trama de todo o ataque rubro-negro proporcionou a Betinho marcar o segundo gol, tendo o extrema apenas entrado rápido e tocado no canto direito de Bodoque, com grande categoria. E aos 34 min, o mesmo Valmir marcava um golaço verdadeiramente de placa, após fintar Zé Henrique espetacularmente.
Em suma, em pouco mais de meia hora o Sapuca já barbarizava. E o reflexo disso tudo se via com mais nitidez à luz fria do placar do Arizão, que mostrava 3x0 a seu favor.
No início do segundo tempo, no entanto, o Americano voltou decidido e aproveitando-se de duas indecisões do miolo da zaga rubro-negra marcou dois gols aos 4 e 5 min, através de Messias e Chico, respectivamente. Isso, depois de Arnaldo César Coelho ter encerrado o primeiro tempo quando ainda faltavam 7 min e de ter logo depois, ido aos vestiários correndo chamar os jogadores de volta.
Em suma, em pouco mais de meia hora o Sapuca já barbarizava. E o reflexo disso tudo se via com mais nitidez à luz fria do placar do Arizão, que mostrava 3x0 a seu favor.
No início do segundo tempo, no entanto, o Americano voltou decidido e aproveitando-se de duas indecisões do miolo da zaga rubro-negra marcou dois gols aos 4 e 5 min, através de Messias e Chico, respectivamente. Isso, depois de Arnaldo César Coelho ter encerrado o primeiro tempo quando ainda faltavam 7 min e de ter logo depois, ido aos vestiários correndo chamar os jogadores de volta.
Mas o Sapucaia é o Sapuca e Joaquinzinho, com uma pedrada de fora da área, aos 27 min, após trocar passes com Toninho, Alcir e Betinho, botou a criança pra dormir pela quarta vez no fundo das redes de Bodoque, liquidando de vez com o Americano".
Esse jogo foi no campo do Goytacaz, contou com a arbitragem de Arnaldo César Coelho e rendeu Cr$ 49.420,00. O Sapucaia jogou com Roque; Charuto, Admilson, Folha e Albérico; Amaritinho, Joaquinzinho e Alcir; Betinho, Valmir e Toninho Guerreiro, e o Americano com Bodoque; Guaraci, Zé Henrique, Luisinho e Capetinha; Adalberto, Ico e Paulo Roberto; Messias, Tatalo e Chico. Desse jogo também participaram Osvaldo Guariba e Joélio, pelo campeão, e Jamil Abud e João Francisco, pelo clube de Parque Tamandaré.[7]
E acrescenta Ourives: “No mesmo dia, o Monitor Campista colocava em manchete, na página esportiva: ‘Sapucaia sagra-se campeão fluminense num jogo histórico contra o Americano’.
Esse seria por sinal o último campeonato fluminense antes da fusão com o Estado da Guanabara.
Paulo Ourives cita outras conquistas do clube rubro-negro:
Campeão do antigo Estado do Rio de Janeiro, o Sapucaia também conquistou os títulos da VII Taça Cidade de Campos, da Série Industrial em 1968, do Torneio Experimental de Profissionais em 1972, possuindo, ainda, muitos troféus, entre os quais o que tem o nome do Prefeito Jorge Santiago, da cidade paulista de Cruzeiro, onde jogou e venceu, o troféu José Carlos Vieira Barbosa, disputado a 7 de setembro de 1974, além daquele que tem o nome do saudoso Carino Quitete, conquistado a 25 de maio de 1973, bem como o troféu Mário Seixas, este oferecido pela LCD e o troféu Edmundo Vaz de Araújo.[8]
Leo Pardo argumento que o declínio do clube já teria começado a ocorrer na própria década de 70, logo após a conquista do campeonato fluminense, “com a saída do Dr. Chico e do Dr. Alaor Lamartine de Castro para colaborar com o Americano, que disputaria o campeonato nacional de 75”.
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Resposta: Sapucaia! |
Hoje, o mesmo campo que naqueles áureos anos 70 viu brilhar aquele time que o jornalista Péris Ribeiro um dia chamou de “Academia do Futebol”, recebe apenas peladas.
[1] PARDO, Aristides Leo. “E.C. Sapucaia – Taí o grande campeão”. Disponível em: http://futebolcampista.blogspot.com.br/ 8/11. Acessado em: 20/05/2017.
[2] Paulo Ourives acrescenta um interessante detalhe a essa cronologia: “Esse Esporte Clube Sapucaia, campeão fluminense no ano da fusão do Estado do Rio com o Estado da Guanabara, já existia desde 18 de dezembro de 1934 - na LCD o registro fala que é de 1938 - mas mais como um time de usina do que como um clube de verdade. Ele surgiu depois que acabaram o Progresso e o Brasil, rivais da região.”
[5] OURIVES, Paulo. “Sapucaia, também foi campeão”. Disponível em: http://historiafutebolcampista.blogspot.com.br/2008/09/sapucaia-tambm-foi-campeo.html. Acessado em: 25/05/2017.
[6] Idem. Ourives nos apresenta o histórico dos presidentes do clube: “Ao longo da sua história, o Sapucaia foi presidido por Antônio Miguel de Andrade, Amilar Nepomuceno da Costa, Amaro Pinto, Orias José Ferreira, José Pedrosa, Carlos Galileu Martins Andrade, José do Egito, Amaro Bernardo da Silva, Jair Gomes de Almeida, César Belo Campos, Francisco Jacob Gayoso y Almendra e Alaor Lamartine de Castro.”
[8] OURIVES, Paulo. “Sapucaia, também foi campeão”. Disponível em: http://historiafutebolcampista.blogspot.com.br/2008/09/sapucaia-tambm-foi-campeo.html. Acessado em: 25/05/2017.
sempre torci para o sapucaia epoco de ouro pow ataque era terror betinho gonzaga rei negro futebol campista e alcir eu ia no campo do campos meu avo morava ali perto e via cambaiba x campos goita x paraiso sapucaia x americano top saudades acabou tudo
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