Por Leonardo Soares.
Na entrevista que ora publicamos, o Dr. André Paixão, hoje um bem-sucedido advogado e professor, nos conta sobre sua vida no futebol campista, atuando em times de usina como Cruzeiro de Poço Gordo e Baixa Grande (Chegaria a atuar também no São José, Goytacaz e Pinheiro Machado).
Paixão descreve em detalhes como foi o início da sua carreira, ainda no infantil do Vasquinho, a importância de treinadores como Chico Bolião, e comenta até mesmo as brigas entre torcidas dos times.
É um relato precioso, um verdadeiro documento histórico desse capítulo especial da história do futebol campista.
* * *
LS - Eu sou o Leonardo Soares dos Santos, aqui no dia 19 de maio, por
volta de 11h40, começando a entrevista aqui, uma rápida entrevista com o doutor
André Paixão. Doutor André, por favor, o seu nome completo.
AP - Bom dia, eu me chamo André
Vasconcelos da Paixão.
LS - Então, doutor André, onde o senhor
nasceu?
AP - Eu nasci em Campos, mas na época eu
morava no distrito de Poço Gordo.
LS - Poço Gordo.
AP - Isso.
LS - Aí quando é que foi, quando é que o
senhor começou a jogar futebol? Não aquele futebol com os coleguinhas, mas
começou a fazer parte de um time, essa coisa toda?
AP - É, eu comecei a jogar no Cruzeiro de
Poço Gordo.
LS - Ah, onde o senhor Morava…
AP - Desde criança, né, idade de 12, 13
anos, eu comecei lá.
LS - E dali, já na fase 15, 16 anos, eu
fui chamado para jogar no São José, que é de Goitacazes, da usina São José.
Joguei um período no São José e depois eu cheguei a atuar no Goitacazes, no
junho, com o técnico Ailton Tavares. Depois eu voltei para o Cruzeiro.
Posteriormente eu fui, da idade de 21, 22 anos, no Campos, aqui no famoso
Roxinho. E depois eu fui me desenvolvendo no futebol e eu fui convidado para
jogar no Baixa Grande, que é da usina Baixa Grande. Atuei por lá, fui campeão
campista em 89 da Série Industrial, pelo Baixa Grande. Já havia sido, em 88,
campeão pelo Cruzeiro de Poço Gordo, nos anos de 87 e 88. E em 89 eu fui pelo
Baixa Grande. E aí, depois, por problemas particulares, eu tive que interromper
um pouco a minha atividade de jogador. E aí eu fui convidado pelo Cruzeiro para
ser o treinador da equipe. E lá no Cruzeiro eu conquistei os títulos de 91, 95
e 97, como treinador.
LS - Voltando
um pouco, eu acabei não perguntando, o senhor nasceu quando?
AP - Eu sou
de 27 de fevereiro de 1965.
LS - Lembra
quando começou lá no Cruzeiro? Era juvenil, tinha essa divisão?
AP - Tinha,
antigamente era dente de leite.
LS - Só
começou com dente de leite?
AP - Na
época era dente de leite.
LS - Lembra
quantos anos, mais ou menos?
AP - Eu
tinha 9, 10 anos, mais ou menos, no dentinho de leite. E dali eu fui passando
de categoria até eu começar mesmo a disputar os campeonatos, propriamente dito.
Porque no dente de leite é mais aqueles jogos entre localidades e vizinhas. Por
exemplo, jogava Cruzeiro de Poço Gordo contra São Sebastião, que é próximo,
Beira do Itaí. Então tinha esses jogos nos domingos de manhã entre essas
crianças, vamos dizer assim, da idade de 8, 9, 10 anos. Inclusive em Poço Gordo
teve uma época, nessa época foi criado um campeonato só para crianças dessas
idades. E nós tínhamos lá seis equipes que eram, cada um tinha um nome. Era o
Vasco da Gama, o Flamengo, o Fluminense, o Botafogo, o Goitaca e o Americano. Então
essas seis equipes, todos dali da vizinhança e todo domingo pela manhã haviam
dois jogos. Foi elaborada uma tabela onde a cada domingo eram realizados dois
jogos entre essas seis equipes. Até se alcançar o campeão.
TIMES ANTIGOS DO CRUZEIRO
LS - Essa
coisa, o senhor e seus pais moravam em Poço Gordo. Eles trabalhavam na usina?
AP - Meu pai
trabalhava, antigamente eles chamavam de fornecimento. O que é isso? Era como
se fosse um supermercado, vamos dizer assim, que a usina tinha. E os
funcionários da usina, eles iam pegando, vamos dizer assim, adquirindo arroz,
feijão, os mantimentos. E no final do mês era descontado na folha de pagamento.
E meu pai era um dos atendentes desse fornecimento, como se fosse um
supermercado, mas da usina que fazia esse movimento com os próprios
funcionários. O meu avô, por exemplo, ele era primo dos donos da usina de Poço
Gordo. Ele era sobrinho neto, salvo o melhor juízo, do primeiro dono, que
inclusive dá nome à escola de Poço Gordo, que era o Coronel Francisco Ribeiro
da Mota Vasconcelos. O meu avô era Lilo Mota Vasconcelos, que era o pai da
minha mãe.
André (direita) em foto com o seu pai (centro) e um amigo. Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - E o seu
pai chegou a jogar no Cruzeiro?
AP - Não, o
meu pai não tinha aptidão para futebol, não. Eu mesmo que saí mais com essa
aptidão.
LS - E esses
colegas, seus colegas do time do Dente de Leite, era tudo morador dali ou
tinha alguém que vinha de fora?
AP - Sim,
não, a maioria, todos dali. Aí como eu falei com você, quando foi criado as
seis equipes, aí sim, houve a necessidade de chamar vizinhos ali até para
incentivar e motivar as crianças para o lado esportivo.
LS - Entendi.
AP - Porque
eu até entendo e defendo que o melhor caminho para uma criança é o esporte. Então,
esse campeonato foi criado para isso, para estimular aquelas crianças a
praticarem o esporte. E o esporte que era alcançável naquela época era o quê?
LS - O
futebol.
AP - Sim,
com certeza. Entendeu? Então, isso era para motivar as crianças a terem um amor
pelo esporte e pelo futebol que tinha lá na época.
LS - O
senhor lembra de algum técnico dessa fase?
AP - Eu
lembro do Sr. Chico Bolião.
LS - Ah, o senhor
falou.
AP - Tinha o Balbelo, tinha o Carlinho, Carlinho Batista que ele falava, porque
o pai dele era o Sr. Batista. Ele chamava, Carlinho Batista, ligava, entendeu?
E o senhor era até deficiente, uma perna. E aí tinha essas pessoas, entendeu? Tinha
o Sr…, falecido Dilso, também, que era o técnico, inclusive, do Vasquinho, que
eu jogava, por eu ser vascaíno, eu jogava no time do Vasquinho, entendeu? O
Chico Bolião, por exemplo, era o técnico do Flamengo. Aí, assim, cada um, cada
pessoa assumiu um time, entendeu? Todos de lá de Poço Gordo mesmo.
LS - Entendi. E aí, depois, o senhor foi para o Juvenil.
AP - Isso.
LS - Tinha esse nome ou era aspirante?
AP - Não. Era
Juvenil.
LS - Juvenil.
E aí, no Cruzeiro ainda?
AP - No
Cruzeiro.
LS - E, do
Cruzeiro, o senhor já tinha Juvenil, o quê? 16, 17 anos?
AP - Isso,
isso.
LS - Já
tinha começado a trabalhar?
AP - Não,
porque eu, na época, eu estudava, eu formei até com 17 anos, na antiga Escola
Técnica Federal de Campos, que hoje é o IFF, né? Que o pessoal conhece. Eu
estudei lá e me formei com 17 anos. Eu fiz o curso de mecânica. Então, eu ainda
estudava. Os meus pais tinham condições de me deixar estudar, entendeu? Então,
eu não precisei trabalhar tão cedo.
LS - E aí,
depois do Juvenil do Cruzeiro, o senhor foi para onde mesmo? Foi para o Outeiro.
AP - Baixa
Grande.
LS - Baixa Grande. Aí, já profissional ou Juvenil ainda?
AP - Não, já
profissional. Já participando do time profissional que disputou essa série
industrial.
LS - Sim.
AP - E aí,
eu fui para lá com 18, 19 anos, entendeu?
LS - Por
quê?
AP - Porque, na verdade, o time de Baixa Grande me convidou para jogar lá,
porque, na época, eu disputei um campeonato de futebol de areia, no Farol de
São Tomé, no verão. E o meu time foi vice-campeão. E eu me destaquei naquele
campeonato. E aí, os olheiros do Baixa Grande me convidaram para atuar pelo
Baixa Grande. No ano seguinte, me ofereceram de troca um emprego. E eu, já com
18, 19 anos, fui trabalhar na usina e fui jogar no time do Baixa Grande. Em 89,
a gente se sagrou campeão.
LS - Mas antes, você foi 87, 88 bicampeão pelo Cruzeiro.
André com a faixa do título de 87. Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Exatamente.
É muita história, muita coisa, entendeu? Mas em 87, 88, eu fui... Inclusive, em
87, foi pelo time que você falou, aspirante.
LS - Ah.
AP - Entendeu?
E aí, em 88, eu já fui pelo time profissional do Cruzeiro. Em 89, pelo Baixa
Grande. Aí depois eu tomei o Cruzeiro como técnico por problemas particulares
de saúde na família.
LS - No
Cruzeiro ainda, era uma coisa voluntária? O jogador recebia alguma coisa? Você
falou do material na Baixa Grande, mas no Cruzeiro?
AP - Não, no Cruzeiro é por amor
mesmo. A camisa, né? A gente não tinha nenhum tipo de premiação. A premiação da
gente era a felicidade da torcida que acompanhava. Em todos os lugares que a gente
jogava, era muita gente que acompanhava. E a torcida do Cruzeiro sempre foi
presente. E isso pra gente era um presente. Entendeu? Essa manifestação da
torcida. Porque você tinha, em campo, jogadores que na torcida tinham tios,
pais, mãe, avós. Então, era uma família mesmo.
LS - Família.
AP - Exatamente.
LS - E, doutor,
uma curiosidade. A coisa de lavar roupas. Quem é que lavava roupas? Havia um
rodízio cada jogador?
AP - Na
época do infanto, juvenil, os jogadores até levavam o seu material pra casa
pros pais e pras mães lavarem pro jogo seguinte. Já na fase de profissional, a
própria arrecadação das rendas dos jogos é que pagavam uma pessoa pra lavar.
LS - Isso
aí.
AP - Tinha
uma lavadeira que recebia a própria renda dos ingressos, por exemplo. E a ajuda
de pessoas que acompanhavam o time é que bancavam o time, entendeu?
LS - Sim. Agora,
no Outeiro já é diferente.
AP - Baixa
Grande.
LS - É. Não
sei porque eu tô falando Outeiro. No Baixa Grande. No Baixa Grande o senhor
trabalhou no escritório e jogava.
Time dos anos 80. André aparece agachado, o primeiro da direita para a esquerda. Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Isso.
LS - Isso
foi aos domingos?
AP - É.
LS - O jogo
era aos domingos?
AP - Isso. Sempre aos domingos. E aí, por exemplo, a época da moagem, que a gente fala, é a época que tava fabricando, que a usina estava em funcionamento, a gente trabalhava aos domingos também. Só que nós, jogadores, éramos liberados do serviço pra ir atuar pelo time. Entendeu? E além da gente ter o emprego na usina, a gente ganhava um .... naquela época.... que chamava de bicho, que era uma premiação pelo jogo. Pelo jogo. Se vencia o jogo, tinha uma premiação. Se empatasse um jogo difícil, então tinha uma premiação, além do salário que a gente recebia na usina. A gente tinha toda uma estrutura. Como eu falei pra você, no início do ano, por exemplo, a gente escolhia o material. Desde a chuteira, caneleira. Então, a usina sempre deu esse amparo.
Cruzeiro atuando no Ary Oliveira. Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - Sim.
AP - Os
próprios funcionários da usina tinham um dia do mês de desconto, de
contribuição, vamos dizer assim, para o time.
LS - Sim.
Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Do
salário deles. Então, isso dava um amparo ao time. E a gente tinha, inclusive,
medicamentos, vitaminas. Entendeu? Nos treinos, por exemplo, após os treinos,
era comum eles trazerem vitaminas mesmo, de frutas, que pediam a cozinheira pra
fazer. E trazia pra gente, após os treinos, tomar aquela vitamina de leite
mesmo, de frutas. Entendeu? E além das vitaminas de medicamentos. Entendeu? E
além de toda a estrutura de material.
Anos 80. Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - Então, a usina realmente investia em seus times. E como era a camisa do Outeiro?
AP – Baixa Grande.
LS - Desculpa.
Camisa do Baixa Grande.
AP - Era
azul e branca. A gente tinha uma listrada.
LS - Era
lista vertical?
AP - Isso. Era
tipo do...
LS - Tipo do
Goitacaz, né?
AP - É.
Porque, na verdade, a gente tinha, assim, não tinha só uma listrada. Tinha, às
vezes, uma toda azul. Ou, às vezes, uma branca. Entendeu? Mas sempre na cor
branca e azul. Entendeu?
LS - E as
cores do cruzeiro?
AP - Também. E depois o outro. Entendeu?
LS - O
senhor tem as camisas dessa época? Baixa Grande e cruzeiro?
AP - Não.
Infelizmente, não tenho mais.
André, já como técnico, com a taça do Campeonato da Baixada de 1995. Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - Uma
curiosidade. Como é que era? Era algodão? Era grossa?
AP - Era
grossa. Não tinha, assim... Por exemplo, hoje você tem esse produto. Nossa, que
é dry-fit, né? Que eles falam, né? Que é um material até que absorve o seu
suor. Naquela época, não. Você terminava, às vezes, o jogo, você torcia a
camisa. Torcia a camisa.
LS - É.
AP - E
pingava mesmo, porque não tinha essa absorção.
LS - Não.
AP - Era um
algodão daquela época, né? Então, quer dizer, não tinha essa absorção que hoje
as camisas têm.
LS -
Entendi. São mais confortáveis, né? E quem era o usineiro da Baixa Grande? Isso
é final dos anos 80, né? Quem era esse usineiro na época?
AP - Era Dom Fernando.
LS - Ah,
cubano.
AP - Cubano.
Isso. Eram os cubanos que...
LS - Entendi.
Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - ... que
eram os proprietários. E moravam, inclusive, numa casa ao lado da usina.
Inclusive, a casa deles tinha elevador. Era tudo. Entendeu? Era uma estrutura. Entendeu?
E eles davam muito apoio. Entendeu?
LS - Muito
apoio. Curioso. E agora eu vou para uma pergunta. Tinha rivalidade, assim?
AP - Nossa
senhora.
LS - Qual
era o maior rival, assim, do Baixa Grande?
AP - Do Baixa
Grande, era o Santo Amaro. Que era chamado Pinheiro Machado. O nome do clube.
LS - Ah, o
nome do clube era Pinheiro Machado.
AP -
Machado. Inclusive, eu atuei um ano pelo Pinheiro Machado.
LS - Ah.
AP - Porque
teve um ano que o Baixa Grande não disputou. E aí, tinha um rapaz lá em Santo Amaro,
Waldemir.
LS -
Waldemir.
AP - Ele era
até funcionário da Prefeitura de Campos na época. E aí ele quis montar um time,
vamos dizer, um super time. E aí, como o Baixa Grande não estava atuando,
alguns jogadores foram cedidos por Pinheiro Machado. Entendeu? Apesar dessa
rivalidade, mas como não estava atuando, não fez questão de emprestar naquele
ano. Eu fiz um campeonato inteiro pelo Pinheiro Machado também.
LS - Que é
em Santo Amaro.
AP - Porque
o campo é até em frente à usina. Não sei se você conhece.
LS - Não, eu
não fui lá ainda.
AP - É quem
vai para fora ou... Olha só que lindo.
LS -
Exatamente. E aí, o time era Pinheiro Machado, mas ligado à usina Santo Amaro. Só
que não tinha o nome da usina.
AP - Não é,
não. Na época, a Santo Amaro não tem usina.
LS - Ah, não
tem. Não, não tem usina. Mas era o principal rival.
Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Rival.
É porque é próximo. Era a distância, acho que, não sei, no máximo cinco
quilômetros.
LS - Então, tinha
aquela...
AP - Assim
como Cruzeiro de Poço Gordo, o maior rival é o São Sebastião.
LS - Isso.
AP - Que,
inclusive, vários jogos chegaram a virar de fato, brigas, lutas, não terminavam
os jogos. Entendeu? Por conta dessa rivalidade.
LS - Era só
jogador ou a torcida também entrava no jogo?
AP - No
jogo? Também. Todo mundo brigava. Todo mundo, todo mundo.
LS - E o
senhor lembra da camisa? Tanto do São Sebastião quanto...
AP - O São
Sebastião era preto e branco.
LS - Preto e
branco. Tipo o Americano.
AP - Isso.
LS - O
Pinheiro Machado...
AP - Eu acho
que era branca, se não me engano.
LS - Tipo o
Santos.
AP – Isso. É
porque, assim, normalmente, o clube tem duas ou três modelos de camisa. Entendeu?
Mas a predominância era branca mesmo.
LS - Aí,
do... Baixa Grande, o senhor foi pra onde mesmo?
AP – [Do] Baixa
Grande eu voltei pro Cruzeiro.
LS - Voltou
pro Cruzeiro.
AP - Isso.
LS - Já como
técnico?
AP - Isso. Já
como técnico. Foi quando eu tive um problema particular de saúde na família e
eu tive que... Prometi que ficaria um tempo sem jogar caso a graça que eu pedi
fosse alcançada. E aí, como foi alcançado, com relação à minha filha, então eu
fiquei três anos sem meter o pé em bola. E aí o Cruzeiro me convidou pra ser o
técnico.
LS - Aí o
senhor trabalhava...
AP - Aí
nessa época, nessa época eu trabalhava numa cerâmica. Na verdade, era um grupo
de empresas. Eram três empresas. E eu fazia a parte administrativa dessas três
empresas. Financeira, administrativa. Trabalhei 15 anos nessas empresas. Aí
nessa época eu trabalhava nessas empresas.
LS - Entendi. Na administração. E aí foi pra... O senhor, desculpa, o senhor era o quê? Era qual a sua especialidade? Contador?
Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Não era
contador, eu era administrador das empresas.
LS - Administrador, entendi.
Cruzeiro comemorando mais um título. Esse era o de 1995.
Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Porque
eu fazia tanta parte financeira, como logística, como pagamentos. Entendeu?
Então eu fazia toda essa rescisão contratual dos funcionários. Então foi aí até
que me despertou a estudar direito e ser advogado, entendeu?
LS - Ah, o
senhor fez direito depois.
AP - Bem
depois.
LS - Foi
pela Uniflu?
AP - Uniflu, que na época era a FDC, né? Faculdade de Direito de Campos.
Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - Ah, falando
nisso, o senhor conheceu o Walter Silva? Que foi professor, deputado.
AP - Sei,
sei. Inclusive, assim, não conhecia pessoalmente de... Embora em alguns eventos
eu tenha encontrado com ele, mas não era próximo dele. Mas conheci muito.
Inclusive um filho dele estudou comigo, o Valtinho.
LS - Ah, é o
cartunista?
AP - O
Valtinho. O Valtinho estudou comigo aqui no Bitencourt. Colégio Bitencourt,
entendeu? O Valtinho estudou comigo. Então eu conheci mais um filho do que o
pai, entendeu? É, eu falei assim que...
LS - Ah, o
cartunista... O seu Walter tinha uma especificidade. Ele tinha quase dez
filhos, né? Você lembra disso? Eu estava conversando com o doutor Wellington,
médico. Ele falou. Ele falou do Valtinho. Ele tinha acho que oito ou nove
filhos. Falei, meu Deus do céu. Escreveu livros, né?
AP - O
Walter Silva.
Cruzeiro nos anos 90. Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - É, mas
é bem interessante. Bom, aí, para fazer a reta final da entrevista, como é que
foi isso, essa coisa de... O senhor estava no Cruzeiro. Quando é que terminou o
time? Teve a ver com o fechamento da usina?
AP - Não, na
verdade, mesmo após o fechamento da usina, o time prosseguiu.
LS - Isso,
quando o senhor estava atuando, já tinha fechado?
AP - Já.
Quando eu estava como técnico, já tinha fechado. Porque, na verdade, a Baixada
Campista, ela virou um polo cerâmico. Isso eu lembro. Virou um polo cerâmico.
Então, vários, ali na região de Poço Gordo, São Sebastião, Mineiros, Baixa
Grande, houve uma expansão enorme de ceramistas. E aí, esses ceramistas
passaram a olhar para o futebol amador. E até investir, ajudar, entendeu? E aí,
continuou como se as usinas fecharam, mas o polo cerâmico absorveu os times. Resolveu
investir, apoiar, até às vezes com fins políticos, alguns, e outros não, por
amor ao esporte mesmo. Mas eles abraçaram o futebol amador. Acabou amparando o
futebol e deu prosseguimento. Como tem campeonatos até hoje, entendeu?
LS -
Entendi. E aí, do Cruzeiro vai para o Goytacaz, mas na parte administrativa.
Pai de André pagando a promessa pelo título alcançado pelo Cruzeiro. Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Isso,
isso.
LS - O seu
time aqui em Campos é Goytacaz?
AP - Goytacaz.
LS - E no
Rio?
AP - Vasco.
LS - Vasco,
é.
AP - E aí, quer dizer, foi quando eu fui convidado
para formar o conselho do Goitacaz e estou lá até hoje. Entendeu?
LS - Sim.
Torcida do Cruzeiro comemorando mais um título da Baixada no Ary de Oliveira e Souza. Acervo Pessoal de André Paixão.
AP - Eu
gosto muito de esporte e eu não consigo ficar longe do esporte. Porque aí,
depois que veio chegando a idade, eu parei de jogar. Jogo sim, às vezes, no fim
de semana, mas assim, não deu para conciliar. Resolvi fazer Direito, virei
advogado, me formei e atuo hoje. Hoje não, de 2012 para cá eu dou aula na
faculdade, onde eu estudei e me formei. Fiz pós-graduação, fiz duas pós-graduações
lá. E aí me tornei professor de lá, entendeu? Mas quando tenho tempo, eu sempre
gosto de dar uma... bater uma bolinha para não...
Medalha oferecida a André Paixão pelo pentacampeonato da Baixada pelo Cruzeiro de Poço Gordo (87-88-91-95-97). Acervo Pessoal de André Paixão.
LS - Legal,
legal.
AP - Entendeu?
LS - Para não esquecer. Então, essa história tem que ser contada. É muito rica,
né? Mas é isso, doutor André. Agradeço a entrevista. Muito obrigado. E vamos
correr atrás de mais pessoas, né?
AP - E o que
você precisar de mim, entendeu? Pode fazer contato.
LS - Agradeço, agradeço.
Comentários
Postar um comentário