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Leonardo  Santos
Professor de História



Cambaíba Esporte Clube 

 

O Cambaíba Esporte Clube foi fundado no dia 30 de agosto de 1930. Ele surgiu a partir da fusão de outros dois clubes, também situados na Usina Cambaíba, o Liberal Futebol Clube e o Palmeiras.[i]

Com base no depoimento de antigos funcionários da Cambaíba - José Pereira, o Cambuci, e Henrique Azeredo - Paulo Ourives destaca que a usina, localizada a 12 quilometros do centro urbano, era “um dos maiores e mais completos complexos industriais da região, graças à excelente administração do industrial Heli Ribeiro Gomes que chegou a ser Vice-Governador e deputado federal pelo antigo Estado do Rio de Janeiro, e assiduidade ao trabalho dos filhos Cristóvão e João”.[ii]
 
 Desde sempre o Cambaíba adotou as cores branca e azul. O clube só passaria a jogar a divisão profissional em 1966.


Paulo Ourives conta que ao longo de sua história, o Cambaíba Esporte Clube teve como presidentes Benedito Bernardo, José Pereira, Nílton Guaraná, Áureo Machado de Brito, Clemente Alves dos Santos, Artur Ferreira Machado, Joubert de Andrade Maia, José Geraldo Barbosa Machado e José Lisandro de Albernaz Gomes, um dos filhos de Heli Ribeiro Gomes.[iii]

Careca, do Cambaíba (esquerda), ao lado de Alcir, do Sapucaia

Entre os jogadores de maior destaque, segundo Paulo Ourives, a agremiação teve Benedito Carangueijo, Manoel Bentevi, Jair, Tomé, Paizinho, Luís, Célio, Lolosa, Caruso, Aílton, Tuquinha, Jorge Ramos, Pedro Rodrigues, Bauí e muitos outros, além de Joélio, Adalberto, Perácio, Mílton, Nel, Batista, Fefeu, Geraldo, Ronaldo, Cadica e Mauricinho.

 
Fonte: http://cacellain.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/04/02-CAMBAIA-500x297.jpg

Os pontos altos do clube em termos de campeonatos foram as conquistas da Taça Cidade de Campos em 1973 e 1977.[iv] A primeira foi obtida mediante vitória sobre o Sapucaia, numa final disputada em 3 partidas – tendo o Cambaíba vencido a última dela por 1 x 0.


Mas outras façanhas são lembradas, como “quando o grêmio rural, a 19 de agosto de 1962, dentro dos festejos do trigésimo-segundo aniversário, goleou o Americano por 6x1.”[v]

Time do Cambaíba, década de 50

Em 1966, o clube inaugurava o estádio Deputado Heli Ribeiro Gomes, nome dado pelo próprio, já que era o dono da Usina Cambaíba. A inauração seria exatamente no dia 1º de maio. Tudo confluía para a realização de uma grande festa, que começou
pela manhã com desfile de cães, salto de pára-quedista e missa, seguindo-se o churrasco. À tarde, depois de uma solenidade na qual foi inaugurada uma placa oferecida pelo Goytacaz, foram disputados dois jogos, um dos quais entre os reservas do Cambaíba, que derrotaram o Estrela, de Ponto da Cruz, por 5x0, e outro entre os quadros principais do Cambaíba e Goytacaz, saindo vencedor o clube da cidade, por 2x1.
Mais do que um evento esportivo, o evento era uma oportunidade singular para o então proprietário da Usina reafirmar o seu papel como benfeitor daquela localidade:
À noite a festa ficou por conta das barraquinhas, tendo o industrial Heli Ribeiro Gomes, nesse dia, comprado 10 mil refrigerantes, um caminhão de laranjas, dois sacos de farinha e mandado matar quatro bois para o churrasco.

Como todos os times de usina, o Cambaíba EC não resistiria à decadência da economia açucareira e da própria Usina a partir da década de 80 e abandonaria as competições profissionais. Muito embora exista até hoje, fruto da abnegação de alguns de seus antigos moradores, o que o tem levado a disputar o campeonato amador campista de futebol.
 


Década de 70




Década de 80




[i] OURIVES, Paulo. “Cambaíba fez a sua festa”. Disponivel em: http://historiafutebolcampista.blogspot.com.br/2008/09/cambaba-fez-sua-festa.html. Acesso em: 20/05/2017.
A respeito do Liberal, Paulo Ourives escreve: “fundado no distante ano de 1912, pelos esportistas Hermes Andrade, Domingos Pacheco e Luís Contarine. O campo do Liberal foi na pracinha fronteira à usina e era aberto, identificando-se apenas pelas traves e a sua marcação. Possuiu, no entanto, uma equipe muito boa, a ponto de ganhar a maioria dos jogos que realizou pelas redondezas, graças ao futebol que praticavam Armando Valek, o famoso Polá, que depois jogou pelo Americano, Bau, Vicente, Amaro Sapo, Cachola, Cambuci e Morgado, que também jogaram pelo Aliança, no Queimado, no tempo de Damas Ortiz, bem como Birinha e Carabina, que mais tarde foram para o Rio Branco. Artur Ribeiro do Rosário era o homem forte do clube, do qual faziam parte, entre outros, Abelardo Teixeira e Hermes Andrade, sempre ajudados por Luís Guaraná e seu filho Nílton, proprietários, na época, da Usina Cambaíba.”
[ii] Idem.
[iii] Idem.

[iv] A relação completa dos campeões da Taça Cidade de Campos é a seguinte:
1968 – Americano; 1969 – Goytacaz; 1970 – Americano; 1971 – Americano; 1972 – Rio Branco; 1973 – Cambaíba; 1974 – Sapucaia; 1975 – Goytacaz; 1976 – Rio Branco; 1977 – Cambaíba.
Segundo Marcos Teles “a competição reunia os quatro primeiros colocados do Campeonato Campista do ano anterior, sendo sempre disputada no início de cada ano e com jogos à noite [...] O campeão da Taça Cidade de Campos se classificava para o Campeonato Fluminense – “Taça Cidade de Campos teve 10 edições”. Disponível em: http://futebolcampistanarede.blogspot.com.br/2017/04/taca-cidade-de-campos-teve-10-edicoes.html. Acessado em: 20/04/2017. Escreve Leonardo Tide: “A LCD também promoveu a Taça Cidade de Campos, realizada a partir de 1969 para suprir um intervalo de datas após o fim de cada temporada do campeonato principal e era disputada pelos primeiros colocados do campeonato campista do ano anterior, não tendo um número fixo de times na disputa [...] 77[foi] último ano em que os principais clubes campistas disputaram esta competição, já que se envolveriam em competições promovidas pela federação do recém-criado Estado do Rio de Janeiro, mas continuaria sendo disputada por times amadores.

[v] Paulo Ourives informa que “O time nesse jogo “era formado por Carangueijo; Flanque, Olaci, Pedro, Nel, Jorge Ramos, Vavá, Fefeu, Luís, Aílton II e Lolosa.

[vi]  Segundo Leo Pardo, o clube teve como seus fundadores Domingos Monteiro, Amaro Monteiro, Helvécio Peixoto, Ezequiel Manhães, José Manhães da Silva, Manoel Monteiro e Miguel Rinaldi (este escolhido para ser o primeiro presidente do clube), todos funcionários da usina Paraíso.

[vii]  MELLO, Sérgio. “Foto Rara, de 1977: Paraíso Futebol Clube (Paraíso de Tocos) – Campos dos Goytacazes (RJ)”.

[viii] “O primeiro time que o Paraíso colocou em campo contou com Chico; Vavá e Arlindo; Domingos, Amaro e Tiuga; João Falcão, José Manhães, Maninho, Helvécio e Bem.” - OURIVES, Paulo. “Paraíso, o clube de Tócos”, Disponível em: http://historiafutebolcampista.blogspot.com.br/2008/09/paraso-o-clube-de-tcos.html. Acesso em: 20/05/2017.

[ix] Ourives nos oferece a relação dos presidentes do clube: “Presidiram o Paraíso, desde sua fundação, Helvécio Moreira Peixoto, pai de Hélvio, que foi do Fluminense e Santos, e Helvécio, que jogou no São Cristóvão, Clodomiro Prudêncio dos Santos, José Manhães, Amaro Martins, Jorge Rodrigues, Francisco Alves Siqueira, José Pessanha de Lima, Osvaldo Rodrigues Nascimento, Rodolfo Grain, Dermeval dos Santos, Carlos Alberto Alvim, Hervândio Ribeiro Machado, Amaro Antônio dos Santos, Liberato Nunes, Osvaldo Rodrigues Nascimento e Jorge Tâmega.”

[x] OURIVES, Paulo. “Paraíso, o clube de Tócos”, Disponível em: http://historiafutebolcampista.blogspot.com.br/2008/09/paraso-o-clube-de-tcos.html. Acesso em: 20/05/2017.

[xi] Idem.

[xii] Idem.
[xiii] Idem.

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